
Estruturas de Madeira
Madeira engenheirada ganha espaço em residenciais de alto padrão no Brasil
A madeira engenheirada está conquistando espaço no mercado imobiliário de alto padrão no Brasil, destacando-se como uma alternativa sustentável e eficiente na construção civil.
A entrega do primeiro condomínio de alto padrão com estrutura 100% em madeira engenheirada e o lançamento de um aplicativo para projetos vêm democratizando o uso desse método sustentável de construção.
Quando for entregue em fevereiro, o condomínio Arvoredo, localizado na Zona Oeste de São Paulo, marcará um momento histórico no mercado imobiliário da capital paulista: será o primeiro residencial multifamiliar de alto padrão com estrutura inteiramente feita em madeira.
O empreendimento é da Noah Tech, uma empresa “greentech” especializada em produtos imobiliários sustentáveis. As seis “townhouses”, com áreas entre 390 e 466 metros quadrados e três a quatro suítes, têm preço médio de R$ 9,5 milhões, sendo que metade delas já está disponível. “É um produto diferenciado para o público, com alto conforto térmico e acústico, graças ao uso da madeira nas paredes e pisos”, destaca Nicolaos Theodorakis, CEO e fundador da Noah.
Após essa entrega, a empresa planeja focar nas parcerias já estabelecidas para desenvolver prédios corporativos para locação, atendendo ao interesse crescente de incorporadoras e construtoras pelo uso da madeira. “Desde a fundação, em 2019, o volume de projetos só aumenta. Atualmente, temos nove em andamento. Apesar dos desafios, estamos confiantes”, afirma Theodorakis.
Um dos obstáculos é desmistificar o processo construtivo em madeira. Para isso, em dezembro, a Ita Engenharia lançou o aplicativo Fibra, que auxilia em cálculos estruturais complexos em segundos, apresentando dados sobre consumo de material, controle de riscos e projetos em 3D. A plataforma é gratuita e está disponível no site da empresa. “Essa solução vai facilitar o entendimento do uso da madeira na construção”, explica Hélio Olga, fundador da empresa.
Quanto à viabilidade econômica, “depende da escala do projeto e do planejamento arquitetônico”, afirma João Pini, sócio de Olga e responsável pela criação do Fibra. Ele ressalta que o uso da madeira pode até ser mais barato, especialmente se a arquitetura for pensada para atender critérios ESG e eficiência desde o início. “Feito assim, sem adaptações, o uso da madeira é certamente viável economicamente.”
Olga acredita que, em cinco a dez anos, prédios em madeira se tornarão uma tendência consolidada no país. “Há um boom global desse tipo de construção, e é questão de tempo para chegar aqui. Basta o primeiro prédio de dez andares em madeira ser erguido para os custos se tornarem competitivos”, aposta.
Além do custo, os benefícios ambientais são incontestáveis, tanto para a madeira engenheirada quanto para a madeira oriunda do manejo florestal sustentável — proveniente de áreas monitoradas pelo Ibama e dentro das normas legais. “Enquanto um metro cúbico de madeira nativa captura 1,5 tonelada de CO₂, o mesmo volume de concreto emite 15 toneladas de gás carbônico. A diferença é enorme”, afirma Rodrigo Chitarelli, CEO da Cras Madeira, que extrai matéria-prima certificada no Pará.
Ele ressalta que, em 2024, a demanda da construção civil por madeira de manejo cresceu 10%, mas a desinformação ainda é um entrave. “No mercado, há muitos produtos que imitam madeira, feitos de borracha, plástico ou alumínio, que enganam o consumidor e não são sustentáveis.”
Para mudar essa percepção, a Cras abriu duas lojas-conceito, no Rio de Janeiro e em São Paulo, para informar melhor o público sobre a sustentabilidade da madeira de manejo florestal. “Temos uma ótima aceitação dessa iniciativa. Nossos vendedores são treinados para esclarecer os clientes e mostrar como a madeira de manejo é muito mais sustentável do que se imagina.”
Atualizado em: 18 de julho de 2025